Origem da plavra Caipira

Baseado na Grande Reportagem “Os Rumos da Música Caipira no Vale do Paraíba”, de Anderson Borba Ciola e Fábio Cecílio Alba, a origem da palavra caipira ainda é motivo de controvérsias. Segundo o Dicionário do Folclore Brasileiro, de Luiz Câmara Cascudo, a palavra significa “homem ou mulher que não mora em povoação, que não tem instrução ou trato social, que não sabe vestir-se ou apresentar-se em público. Habitante do interior, tímido e desajeitado...”. Robert W. Shirley, em seu livro “O fim de uma tradição”, critica a posição de Câmara Cascudo, dizendo que: “Esta definição em si mesma, revela a extensão da grande lacuna social entre os escritores urbanos e os camponeses, pois, de fato, o caipira tem uma cultura distintiva e elaborada, rica em seus próprios valores, organizações e tradições”. Já no Dicionário Aurélio é encontrada a seguinte definição: “Habitante do campo ou da roça, particularmente os de pouca instrução e de convívio e modos rústicos”. Cornélio Pires, jornalista e violeiro, em seu livro “Conversas ao pé do fogo” define a palavra caipira da seguinte forma: “Por mais que rebusque o étimo de caipira, nada tenho deduzido com firmeza. Caipira seria o aldeão; neste caso encontramos o tupi-guarani capiâbiguâara. Caipirismo é acanhamento, gesto de ocultar o rosto, neste caso temos a raiz ‘caí’, que quer dizer gesto de macaco ocultando o rosto. Capipiara, que quer dizer o que é do mato. Capiã, de dentro do mato, faz lembrar o capiau mineiro. Caapiára quer dizer lavrador e o caipira é sempre lavrador. Creio ser este último o mais aceitável, pois caipira quer dizer roceiro, isto é, lavrador...”.

28.2.11

ANTONIO CANDIDO Ouro sobre Azul OS PARCEIROS DO R IO BONITO




Sugestão de Maria Eugécia


ANTONIO CANDIDO
Ouro sobre Azul
OS PARCEIROS DO R IO BONITO
Os parceiros do Rio Bonito
11ª edição
Formato | 13 x 21 cm
Nº de páginas | 336 pág.
44 fotos tiradas pelo autor em 1948, no período da pesquisa
41 reproduções fac-similares de manuscritos do autor
2 mapas de situação
IS BN | 9788588777330
Preço | R$ 53.00
Os parceiros do Rio Bonito surgiu do desejo de analisar as relações entre
literatura e sociedade, tendo partido de pesquisa sobre a poesia popular
do Cururu – dança cantada do caipira paulista – cuja base é um desafio
sobre os mais vários temas, em versos de rima constante, a carreira, que
muda depois de cada rodada.
As investigações começaram em 1947 mas, por causa dos encargos de
ensino que tomavam a maior parte das férias do autor, acabaram se dando
com irregularidade. Nesse ritmo se fez a colheita do material em algumas
áreas caracteristicamente caipiras do estado, durante os anos de
1947, 48, 49, 52, 53, 54. Antonio Candido trabalhou, em períodos curtos
em Piracicaba (7 visitas), Tietê (2 visitas), Porto Feliz (1 visita), Conchas
(2 visitas), Anhembi (1 visita), Botucatu (3 visitas) e sobretudo Bofete. Aí
morou num agrupamento rural cerca de vinte dias, de fevereiro a março
de 1948 e, de novo, quarenta dias, de janeiro a fevereiro de 1954, quando a
redação, iniciada em agosto de 1953, tornou necessária a volta ao campo
de estudo para reforçar o material e verificar hipóteses à luz da passagem
do tempo.
Terminado em setembro de 1954, este trabalho foi apresentado como
tese de doutoramento em Ciências Sociais à Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras da Universidade de São Paulo onde Antonio Candido foi,
durante dezesseis anos, Assistente de Sociologia II. Depois da defesa e da
aprovação da tese, seu texto foi deixado de lado por alguns anos pelo autor
que tinha a esperança de poder melhorá-lo. Isso acabou não acontecendo
e o livro reproduziu a tese tal como foi apresentada, salvo correções
que não alteraram o sentido geral.
Os dados numéricos envelheceram, a própria situação estudada se alterou
com tendência para reconstituição do latifúndio como realidade
econômica e social, à custa da pequena propriedade e do sistema de parceria
analisado em Os parceiros do Rio Bonito. Mas o livro não encerra
uma tese de Economia nem pretende fornecer dados recentes. Visa des–
crever um processo e uma realidade humana, característicos do fenômeno
geral de urbanização no estado de São Paulo.
Sobre o autor
ANTONIO CANDIDO DE MELLO E SOUZA nasceu em 1918 no Rio de
Janeiro mas viveu desde os oito meses em Minas Gerais, de onde é sua
família, primeiro na cidade de Cássia e, a partir dos 11 anos, em Poços de
Caldas. Não frequentou a escola primária, aprendendo as respectivas matérias
com sua mãe. Iniciou o secundário no Ginásio Municipal de Poços
e o concluiu, em 1935, no Ginásio Estadual de São João da Boa Vista, São
Paulo. Em 1937 e 1938, já na capital, fez o curso complementar na 1ª Seção
do Colégio Universitário anexo à Universidade de São Paulo. Em 1939,
ingressou na Faculdade de Direito e na seção de Ciências Sociais da Fa–
culdade de Filosofia, Ciências e Letras. A primeira, abandonou no quinto
ano e, na segunda, obteve os graus de bacharel e licenciado em janeiro de
1942.
Entre 1942 e 1958, foi assistente do professor Fernando de Azevedo na
cadeira de Sociologia II, na Universidade de São Paulo. Em 1945, aprovado
no concurso para a cadeira de Literatura Brasileira da mesma, obteve o
título de livre-docente com a tese Introdução ao método crítico de Sílvio
Romero. Paralelamente à vida universitária, foi crítico literário da revista
Clima (1941-44) e dos jornais Folha da Manhã (1943-45) e Diário de S.
Paulo (1945-47), assinando um rodapé semanal com o título “Notas de
crítica literária”. Em 1954, obteve o grau de doutor em Ciências Sociais
com a tese Os parceiros do Rio Bonito.
A partir de 1958 optou definitivamente pela literatura. De 1958 a 1960,
foi professor de Literatura Brasileira na Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras de Assis, São Paulo. A partir de janeiro de 1961, retorna à Universidade
de São Paulo na condição de professor colaborador de Teoria
Literária e Literatura Comparada. Tornou-se titular em 1974 e aposentouse
em 1978, continuando, porém, a orientar dissertações de mestrado e
teses de doutorado até 1992. Também foi professor associado de Literatura
Brasileira na Universidade de Paris (1964-66) e professor visitante
de Literatura Brasileira e Literatura Comparada na Universidade de Yale
(1968). De 1976 a 1978, coordenou o Instituto de Estudos da Linguagem
da Universidade Estadual de São Paulo.
Em 1945, foi um dos fundadores da União Democrática Socialista, que
no mesmo ano integrou-se à Esquerda Democrática, transformada em
1947 no Partido Socialista Brasileiro, de cujo jornal, Folha Socialista, foi
um dos diretores. De 1948 a 1949 presidiu a Associação Brasileira de Escritores,
Seção de São Paulo. Em 1956 elaborou o projeto do Suplemento
Literário do jornal O Estado de S. Paulo. Entre 1973 e 1974, foi um dos
dirigentes da revista Argumento, proibida no quarto número pelo regime
militar. É membro do Partido dos Trabalhadores desde a fundação.
Livros Publicados
• Brigada ligeira. São Paulo: Martins, 1945; 3ª edição revista pelo autor, Rio de
Janeiro: Ouro sobre Azul, 2004.
• Introdução ao método crítico de Sílvio Romero. São Paulo: Revista dos Tribunais,
1945; 4ª edição, O método crítico de Sílvio Romero, Rio de Janeiro: Ouro
sobre Azul, 2006.
• O observador literário. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura/Comissão de
Literatura, 1959; 3ª edição revista e ampliada pelo autor, Rio de Janeiro: Ouro
sobre Azul, 2004.
• Ficção e confissão. Estudo sobre a obra de Graciliano Ramos. Rio de Janeiro:
Livraria José Olympio Editora, 1956; 3ª edição revista pelo autor, Ficção e confissão:
ensaios sobre Graciliano Ramos, Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.
• Formação da literatura brasileira. Momentos decisivos. São Paulo: Martins,
1959, 2 v.; 12ª edição, Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2009.
• Os parceiros do Rio Bonito. Estudo sobre o caipira paulista e a transformação
dos seus meios de vida. Rio de Janeiro: José Olympio, 1964; 11ª edição, Rio de
Janeiro: Ouro sobre Azul, 2010.
• Tese e antítese. Ensaios. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1964; 5ª
edição revista pelo autor, Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.
• Literatura e sociedade: estudos de teoria e história literária. São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 1965; 10ª edição, Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul,
2008.
• Introducción a la literatura de Brasil. Caracas: Monte Ávila, 1968; e na Coleção
Nues¬tros Países, Havana: Casa de las Américas, 1971.
• Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1970; 4ª edição reorganizada pelo
autor, Rio de Janeiro: Duas Cidades/Ouro sobre Azul, 2004.
• Teresina etc. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980; 3ª edição, Rio de Janeiro: Ouro
sobre Azul, 2007.
• Na sala de aula. Caderno de análise literária. São Paulo: Ática, 1985; 18ª edição,
2008.
• A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 1987; 5ª edição revista
pelo autor, Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.
• Recortes. São Paulo: Companhia das Letras, 1993; 3ª edição revista pelo autor,
Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2004.
• O discurso e a cidade. São Paulo: Duas Cidades, 1993; 3ª edição, São Paulo:
Duas Cidades, Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2004.
• Iniciação à literatura brasileira (Resumo para principiantes). São Paulo: Humanitas,
1997; 5ª edição, Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2007.
• Estruendo y liberación: ensayos críticos. Organização de Jorge Ruedas de La
Serna e Antonio Arnoni Prado. Cidade do México: Siglo Veintiuno, 2000.
• Textos de intervenção. Seleção, apresentações e notas de Vinicius Dantas. São
Paulo: Duas Cidades/Editora 34, 2002.
• Um funcionário da Monarquia. Ensaio sobre o segundo escalão. Rio de Janeiro:
Ouro sobre Azul, 2002. Edição ilustrada e 2a edição aumentada e revista pelo
autor, Idem, 2007.
• O albatroz e o chinês. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2004.
Seleção de Ensaios Publicados no Exterior
• Crítica Radical. Tradução, seleção e notas de Margara Russoto. Caracas: Biblioteca
Ayacucho, 1991.
• On literature and society. Tradução, organização e introdução de Howard S.
Becker. New Jersey: Princeton University Press, 1995.
• Ensayos y Comentarios. Tradução de Rodolfo Mata Sandoval e Maria Teresa
Celada. Campinas: Editora da Unicamp/Fondo de Cultura Económica de
México, 1995.
• L’Endroit et l’Envers: Essais de Littérature et de Sociologie. Seleção e apresentação
de Howard S. Becker. Tradução de Jacques Thiériot. Paris: Métailié/Unesco,
1995.
1 Antonio Candido, com 29 anos,
quando começou a colher material
sobre os meios de vida do caipira
hospedando-se, por cerca de vinte dias,
na antiga sede da fazenda Bela Aliança.
Bofete | SP | 1948.
2 Antiga sede da fazenda Bela Aliança.
Bofete | SP | 1948.
3 Assinatura e data registrados em um dos cadernos de campo.
Bofete | SP | 1947.
7 O caipira, sua casa, seu
meio de locomoção.
Bofete | SP | 1948.
4 Núcleo central do bairro de São Roque
Novo.
5 Anotação em um dos cadernos de campo.
6 Anotação em um dos cadernos de campo.
8 Mutirão para construir o rancho de Nhá
Maria Crispim,
na primeira foto com Edgard Carone.
Durante quatro dias, se revezaram trabalhando,
dez moradores da Baixada e três do Morro,
entre parentes, vizinhos e parceiros.
A casa, de dois cômodos, medindo cinco passos
de largura por seis de comprimento,
foi construída com estrutura e paredes
de madeira amarradas com cipó e telhado de
sapé.
9 Dois parceiros capinando e Antonio
Candido.
10 A mãe, a filha, a casa e a galinha,
presente em todos os quintais da região,
e uma das bases da dieta caipira.
11 Parceiro da fazenda Bela Aliança,
Nhô Quim (à direita),
registrado Joaquim Batista de Quevedo,
costumava se identificar como
Joaquim Baltasar.
12 Anotação em um dos cadernos
de campo

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